sexta-feira, 25 de maio de 2012

Keep it in my heart.

Existem situações bem propícias para se pensar na vida.
Uma delas, é ao dirigir.

Indo para o CRER essa semana, eu fiquei observando os carros e as pessoas na rua, e um pensamento me ocorreu:

"O que leva essas pessoas a acordar todos os dias?"

E imaginando os motivos pessoais de uma senhora que atravessava a rua, eu pensei:
"Afinal, o que me leva a acordar todos os dias?"

Foi difícil, mas eu consegui responder à essa pergunta.


Ontem, fui ver minha nota de Ética no sistema Veritas, da UEG. Foi boa, mas isso não vem ao caso.
A questão, é que abaixo da nota de Ética, haviam mais 59 notas, todas seguidas da palavra "Aprovado"; E Acima da nota de Ética, haviam mais 5 - três seguidas do "Cursando" e outras duas "A cursar".

Foram 4 anos, a melhor fase da minha vida (tão curta, mas intensa). Muitas lições, muitas histórias. Várias decepções, mas incontáveis sucessos. 

Depois de perceber o sentido da minha existência, tudo parece ficar muito fácil de descobrir. E quando a busca parece complexa, basta me lembrar das 59 notas azuis, das 4 verdes, e das 2 pretas. 

Isso me motiva a acordar todos os dias, com o mesmo sorriso.


"I notice in my heart
That you can lead astray
I keep it in my heart
It's just another phase
It keeps me up in arms
There's something else in place
It's just one little spark
That we can never trace..."

Essas 4 disciplinas verdes estão me matando. E como. Mas se eu olhar por outro ângulo, percebo que Elas me preparam para aquilo que eu encontrarei quando sair da UEG. 

E quando eu sair de lá, o motivo pelo qual eu acordarei todos os dias será outro - Muito mais forte, muito mais importante. 

E esse motivo, meu querido leitor, você já sabe qual é.

"Keep it in my heart...
It's just one little spark..."




(Post escrito ao som de Astray - Cambriana)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Apagando.

Ontem, eu estava limpando meu quarto, depois de muitas ameaças da minha mãe.
Quando cheguei na escrivaninha, praguejei alto, afinal, ela estava cheia daquele pó que a borracha solta quando a usamos.

Enquanto eu limpava aquelas toneladas de pó de borracha, me coloquei a pensar.
Desde fevereiro, gastei duas borrachas inteiras, até o fim. Foram três meses e meio, e duas borrachas.

Quantos foram os erros que eu cometi, e precisei apagar? Quantos foram os rascunhos que eu fiz, refiz, passei a limpo, corrigi, e apaguei? Quantos pensamentos, medos, frustrações, e fatos eu deletei? Quantas verdades e mentiras eu eliminei?

Quem disse que a vida é um texto aonde não se usa borracha, está completamente errado.
Você não pode apagar o que escreveu à caneta, isso é fato. Mas você pode rascunhar. E com o passar do tempo, você pode passar tudo a limpo.

Precisamos errar. Precisamos ter dúvidas. Precisamos dessa oportunidade de reescrever nossos parágrafos. Precisamos esquecer nossas falhas de coerência e coesão, precisamos corrigir erros de ortografia.

Nós podemos fazer isso. E a menos seu professor seja muito idiota, ele compreenderá - porque afinal, ele também foi aluno.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Por eles.


Não que eu já não soubesse disso. Mas existe certa deferença entre “saber” e “viver”.

Ainda não cheguei nem na metade do estágio de neurologia, mas já aprendi mais do que a faculdade inteira poderia me ensinar. Não sei se são as crianças, os pais, ou eu, mas tudo parece muito mais profundo agora.
É muito mais do que simplesmente uma Paralisia Cerebral. É muito maior que uma Discinesia ou uma Ataxia. É muito mais complicado que um déficit no Sistema Somatosensorial.

São tantos ‘tapas na cara’ por dia, que eu não saberia enumerar o que aprendi em apenas dois meses. Eu, que sempre achei que tinha visto mais do que deveria nesses 18 anos, percebi que uma criança de 8 sabe viver melhor que eu, ainda por cima com uma Paralisia Cerebral.
Como disse, eu já sabia disso. Mas ainda não tinha visto, escutado, sentido. Não adianta... Ainda que você seja crítico e filosófico como Confúcio, nunca saberá absolutamente nada da vida, até que sinta tudo isso.
Minhas crianças sabem tanto quanto Confúcio, disso eu tenho certeza. E me ensinaram mais que todos os professores que eu já tive na vida.


Davi, Karen, Gyovanna, Ricardo, Helô, Lívia, Francisco C. e Francisco S., Thiago, Rodrigo, Hygor, Henrique, Mayra, Elias, Abel, Rômulo, Riberto, Laís, Larissa, Késia, Gilherme, Paulo Vítor.
Ualison, Lanylle, Emily, Eide, Maria das Dores, Alan, Matheus, Átilla, Dyonivan, Josiane.
Gabriela, Gabriel O., Gabriel F., Kevem, Lucas, Luis, Elton, Moisés, João, Sâmela, Vinícius, Natair.

Obrigada por me ensinarem que não se mata Leões chorando.

Há momentos na vida em que tudo parece estar indo errado. São tantas preocupações, que até mesmo dormir (meu hobby preferido) se torna difícil.

Se eu disser que eu nunca quis abandonar o barco, largar tudo, eu estarei mentindo. Quem nunca quis? Quem nunca se olhou no espelho, e viu o desespero nos olhos de alguém que parece ser desconhecido?

Minha mãe costuma dizer que cada problema é um Leão, e que devemos matar um Leão por dia.
“Não acumule Leões, minha filha. Eles podem se juntar e derrubar você. Mas não tente matar mais de um por dia, pois ou o primeiro te vence pela preocupação, ou o segundo te vence pelo cansaço.”

Eu sempre achei que alguém me ensinaria a lutar com os Leões. Meus pais, meus amigos, a escola, os livros... Qualquer lição seria bem-vinda. Esperei, enquanto eu envenenava meus Leões com o meu jeito conturbado de lidar com as coisas. Eu sempre tinha um veneno em mãos. Eu ia matando como dava.

Mas veneno é a arma das mulheres, dos eunucos e dos covardes.

Hoje, vivemos em uma sociedade aonde somos “culpados até que se prove o contrário”. Eu preciso provar para o mundo que eu não sou covarde, que não sou incapaz. Eu preciso aprender a lutar.

Posso morrer tentando matar meus Leões, mas ao menos, lutei com dignidade.