terça-feira, 24 de junho de 2014

"And so my heart is payin' now for things I didn't do..."

Olho o sol claro lá fora, e não consigo compreender por que faz tanto frio aqui dentro. Todas as janelas do apartamento estão fechadas, evitando que o vento entre. Mas ele insiste, e traz arrepios à minha pele.
Ou serão os arrepios causados por outra coisa?

Por incrível que pareça, a temperatura do meu quarto encaixa-se perfeitamente como uma metáfora da minha vida. Céu azul, dia bonito, a cidade está cheia de vida lá fora. por fora, eu sou toda sorriso e movimento, como a viva fachada do meu prédio.
Lá fora. Por fora.

Aqui dentro, na minha mente, tudo é frio e cinza. Com um pouco de laranja das minhas fronhas e toalhas, mas sempre frio. Sempre vazio. Eu sempre estremeço quando entro debaixo dos meus cobertores alaranjados e floridos. Faz frio, e o espaço ao meu lado está vago.
Me falta companhia para aquecer as noites? Sim. Porém não.
O lugar vazio que aqui está não pertence a ninguém - foi uma lacuna que eu mesma deixei de preencher, esperando que outros ares e novos perfumes enriquecessem meus dias. Assim como eu sempre tento incrementar vácuos alheios. Sempre fui uma porta aberta, uma janela sem cortinas, sem travas, esperando que um fluxo de coisas passasse por mim.

Mas agora, por mais que a lógica não consiga explicar, eu fechei a porta, embora não tenha trancado à chave. Bloqueio o vento, mas tudo o que consigo é me isolar dentro de um apartamento frio, invejando o calor, a cor e a luz que estão lá fora.

domingo, 22 de junho de 2014

Am I living it right?

E lá estava eu novamente, em mais um capítulo dessa nova aventura que me propus. Desta vez, não havia ansiedade, frio na barriga, mãos geladas, preocupações gerais. Eu já estava me habituando. Já conseguia olhar em seus olhos por algum tempo, sem corar. Já conseguia permanecer em teus braços sem me sentir uma tola garotinha. Sem me preocupar em parecer uma tola garotinha.
Ali estávamos nós, somente respirando juntos. Ali estavam as batidas do seu coração, suas mãos suaves nas minhas costas.

Mas você não estava ali.

Apesar de declaradamente desimpedido, ali estava a foto de uma bela mulher na proteção de tela do teu celular. Você me mostrou sem querer. Não sei quem é, e honestamente, não me interessa. O que importa, é que mais uma vez, eu me deparei com uma porta fechada.
Nem todos os meus suspiros e risos foram suficientes para destrancá-la. Você estava cercado por arame farpado: se mostrava para mim, mas me mantinha longe. Do meu lado da cerca. Impossibilitada de entrar na sua vida, no seu mundo.
E mais uma vez, percebi que todas as promessas que me fez eram vazias, unicamente com a intenção de abrir caminho entre todas as minhas confusões e incertezas. Aliás, como todos os que te antecederam, e exatamente da mesma forma dos que ainda virão.

Isso me leva a questionar: quem eu sou? O QUE eu sou?
Um mistério a se desvendar, talvez. Uma curiosidade. Um sorriso intrigante. Uma voz convidativa. Um rosto que pede brincadeiras.
Apenas isso.

E, mais uma vez, eu olho para você, sabendo que você vai partir em breve - isso é, se já não partiu antes mesmo de chegar. Você tenta investigar meu silêncio, minha expressão saudosista. "O que foi? Por que você está calada?"
"Estou só desligada", eu respondo. Pura mentira, meu silêncio é um breve luto por mais uma chance que se foi, outro "não" que a Vida me dá. Um "não" precedido por um esperançoso "talvez".

E assim eu continuo a minha aventura, vendo sucessivas portas se fechando à minha saída. Não há esforço da minha parte capaz de evitar. Não há explicações plausíveis, não há previsão de mudança.
Sinto que a Vida esteja tentando me ensinar algo, e que eu estou com sérias dificuldades para absorver. Sei que estou perto.
Assim, continuo investindo em todos os "talvez", na esperança de que um destes se torne um "sim".