quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Gyn.

Fazia um calor descomunal, como já era de costume. O sol brilhava em um céu azul, límpido e majestoso. O ar mantinha aquele cheiro de cidade que ela aprendera a amar. O ônibus atrasara os rotineiros 15 minutos, e percorreu o mesmo caminho de sempre.

Todas as coisas estavam perfeitamente normais...
Contudo, algo estava diferente.

Apesar de manter as mesmas rugas no mesmo rosto impassível, a cidade parecia olhá-la de um modo diferente. A garota podia ver, no âmago de sua coletividade, que aquele lugar tinha algo a lhe dizer.
Reparou em cada calçada, cada janela. Observou as árvores, os postes, as pessoas. Mas nada parecia ter a coragem suficiente para dizer o que estava acontecendo.
Durante todo o trajeto, sentiu seu coração apertar. Sua respiração tornou-se densa, quase um aglomerado de suspiros.

E então, sentiu saudade. Como um filho, que se despoja de seu lar para ganhar a vida... Como uma semente, que deixa os galhos reconfortantes da árvore progenitora para iniciar seu próprio ciclo.

Quando seus olhos mal podiam ver, de tão marejados, viu um carro, com a placa de outro lugar. Aquele lugar. Só então percebeu...

Sua cidade estava apenas se despedindo.