terça-feira, 24 de junho de 2014

"And so my heart is payin' now for things I didn't do..."

Olho o sol claro lá fora, e não consigo compreender por que faz tanto frio aqui dentro. Todas as janelas do apartamento estão fechadas, evitando que o vento entre. Mas ele insiste, e traz arrepios à minha pele.
Ou serão os arrepios causados por outra coisa?

Por incrível que pareça, a temperatura do meu quarto encaixa-se perfeitamente como uma metáfora da minha vida. Céu azul, dia bonito, a cidade está cheia de vida lá fora. por fora, eu sou toda sorriso e movimento, como a viva fachada do meu prédio.
Lá fora. Por fora.

Aqui dentro, na minha mente, tudo é frio e cinza. Com um pouco de laranja das minhas fronhas e toalhas, mas sempre frio. Sempre vazio. Eu sempre estremeço quando entro debaixo dos meus cobertores alaranjados e floridos. Faz frio, e o espaço ao meu lado está vago.
Me falta companhia para aquecer as noites? Sim. Porém não.
O lugar vazio que aqui está não pertence a ninguém - foi uma lacuna que eu mesma deixei de preencher, esperando que outros ares e novos perfumes enriquecessem meus dias. Assim como eu sempre tento incrementar vácuos alheios. Sempre fui uma porta aberta, uma janela sem cortinas, sem travas, esperando que um fluxo de coisas passasse por mim.

Mas agora, por mais que a lógica não consiga explicar, eu fechei a porta, embora não tenha trancado à chave. Bloqueio o vento, mas tudo o que consigo é me isolar dentro de um apartamento frio, invejando o calor, a cor e a luz que estão lá fora.

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