domingo, 20 de novembro de 2011

Nobody ever seems to remember: Life is a game, we play.

Os seres humanos são criaturas engraçadas.
Apesar de possuírem um telencéfalo altamente desenvolvido (alguns nem tanto), eles não conseguem perceber coisas óbvias - e muitas vezes, cruciais.

Pedimos, sonhamos, queremos. Corremos atrás, tentamos, fazemos. E quando finalmente chega a recompensa, a interpretamos de forma errada. Talvez por estarmos cansados de tanto buscar, talvez porque não estamos prontos para recebê-la, apesar do caminho árduo percorrido.

Fantasiamos uma situação, e esperamos que aquilo ocorra. Na maioria das vezes, só depende de nós -  e essa maldita cena imaginada nunca se repete na realidade.
Será que não? Será que tudo aquilo que sonhamos realmente não aconteceu, ou está ali, esperando para ser percebido e interpretado?
Ficamos tão cegos na busca por uma vida mais perfeita possível, que não conseguimos enxergar que a felicidade está a um palmo do nosso nariz, basta esticar o braço para alcançá-la.

E quando finalmente abrimos os olhos, o tempo passou. Continuamos seguindo em frente, e deixamos a felicidade para trás.


Ah, mas não dessa vez. Para mim, ainda há tempo.


"Hello, hello...

It's good to be back!"

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Everybody is looking for something.

E você percebe que está encarcerado em uma situação da qual não consegue se soltar. A única saída é gritar até que alguém te ouça.


E em seus pensamentos, você imagina alguém passando ali, por um acaso, e ouve seus gritos. E vê alguém entrando no quarto escuro, acendendo a luz, desamarrando a corda, e perguntando o que houve. E na cena em que a pessoa chama a polícia e te acalma enquanto você sai do estado de choque, uma voz ressoa bem alto em sua mente, dizendo:


"Sabe quando isso vai acontecer, Paola? É, você sabe."

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Aquilo que não coube nos Classificados.

Um cidadão caminhava na calçada, olhando para o chão mais a frente, sofrendo sua tempestade cerebral de costume. Eis que em determinado ponto, por algum acaso, ele para em frente a um poste, e olha para ele.
Curiosamente, havia uma folha pregada no poste, com algumas palavras escritas. E seu hábito vicioso venceu - o homem resolveu ler o que estava escrito.




PRECISA-SE DE UM AMIGO

A quem estiver lendo este anúncio, gostaria de oferecer uma proposta.
Precisa-se de um amigo, com urgência.
O cargo não exige experiência, nem qualificação. O candidato deve apresentar certas características, como paciência, perseverança, lealdade, sinceridade e compreensão. Não precisa saber trabalhar em equipe, desde que saiba trabalhar em dupla.
A carga horária é de 168 horas semanais, e o indivíduo poderá ter direito a feriados, férias, períodos de descanso durante o dia, alimentação na casa do empregador, e demais benefícios a discutir.
A função consiste, principalmente, em ouvir. 
Requer disponibilidade de tempo para conversar e passear no parque, ir ao cinema, ou simplesmente estar ao lado do empregador.
Aceita-se todos os tipos de pessoa - não exclui-se raça, idade, sexo, antecedentes pessoais/profissionais/criminais.
Em troca, o candidato ganhará gratidão eterna, presentes de natal, e um coração remendado.

Caso a proposta não seja do agrado, aceita-se qualquer tipo de negociação.
Se  interessado, entrar em contato com a máxima urgência. Não há entrevista ou processo seletivo, a contratação é imediata. 



O homem se lembrou que ainda tinha créditos no celular, e agradeceu ao acaso por tê-los reservado para alguma necessidade.




"Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive." - Vinicius de Moraes

domingo, 6 de novembro de 2011

I'm learning to Walk again.

As pessoas podem pensar que eu tenho um buraco negro no lugar do coração, ou que eu sou racional demais. Acontece muito.
Mas olha, é verdade. Só que tudo tem um motivo.


Na Integração Sensorial, existe uma classificação das crianças quanto ao seu limiar de sensibilidade. 
E eu me cansei de ser sensível demais. Me cansei de ver o mundo sorrindo por fora, e chorando por dentro. Com o tempo, eu mesma não conseguia mais sorrir por fora, de tanto ver esse tipo de coisa. Isso não ia ser bom, eu sabia, mesmo com - sei lá - 7 anos de idade.


Tudo me fazia chorar nessa época, eu me lembro. Uma criança abandonada na rua, um cachorro mancando, um idoso sentado solitário no banco da praça. Acho que a pergunta que minha mãe mais ouvia de mim era: "Mãe, por que tudo tem que ser assim, tão triste?"
Ela sempre me respondia que a vida era muito dura, que o mundo não poupava nem mesmo os pássaros, que tinham que abandonar seus ninhos para tentar a sorte na chuva. Que isso servia para ensinar as pessoas a serem Humanas.
Me perdoe, mãe, a senhora estava enganada.


Até hoje as coisas são tristes, talvez até mais que antes. Mas eu vejo cada vez menos Humanos na Terra.
Vejo pessoas, não vejo Seres Humanos. Pessoas que matam, pessoas que não dão seta nos carros e atropelam crianças, pessoas que bebem e ofendem os outros, pessoas que roubam e se acham certas, pessoas que mentem, pessoas injustas, pessoas egoístas, pessoas fracas que se acham fortes, pessoas que não conversam olhando nos olhos de outras pessoas (que se sentem aliviadas por isso).
E várias outras pessoas que fazem coisas piores que isso.




 Eu, uma vez, quis ser médica, pra salvar as vidas, fazer a dor das pessoas parar, pra ver se viravam Humanos, quando a dor passasse. Outra vez, quis ser professora, pra ensinar às pessoas a serem Humanos. Uma outra, quis ser juíza, para mostrar o quanto é errado ser uma pessoa, e que o certo é ser Humano.


Ah, como eu era sensível.
E todos sabem o que acontece com pessoas sensíveis. Elas se machucam, quebram fácil seus ossos. Se arranham e sangram com mais frequência. Gripam todo mês. 
Depois, elas crescem, e veem que a vida é dura, mas não ensina nada pra ninguém. E constroem uma muralha ao seu redor. E guardam seu coração em um banco, nas Ilhas Fiji. E desativam todos os 7 sentidos.




Mas por alguma razão, alguém descobriu minha conta nas Ilhas Fiji, e furou um buraco na muralha. Os sentidos foram despertados, todos os 7.
E eu voltei a ver o mundo por dentro.


Agora, eu me vejo na mesma situação de um paciente que sofreu AVE (coisa que as pessoas também não fazem, até que passem por isso).


I'm learning to Walk again. I'm learning to Talk again.


Você sabe o quanto isso é difícil? Tente imaginar. Agora eleve à nonagésima terceira potência.







"A million miles away
Your signal in the distance
To whom it may concern
I think I lost my way
Getting good at starting over
Every time that I return


Learning to walk again
I believe I've waited long enough
Where do I begin?
Learning to talk again
Can't you see I've waited long enough
Where do I begin?"