domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pra mim chega.

Apaguei as fotos, as músicas. 
Apaguei os históricos, as lembranças, os SMS.
Apaguei o que sentia também. 
Aquilo foi a gota de água que faltava para derramar o conteúdo do copo.








Cansei, chega.                                                            
¬¬

Desabafos.

É difícil para mim aceitar isso. Parece que algo, que eu insisti em negar por toda a minha vida, veio à tona e desordenou tudo o que eu conhecia sobre mim.
Logo eu, que sempre me acalentei com a ciência de deter tanto auto-controle. Sempre soube dominar, com considerável desempenho, meu físico; Sempre mantive minhas emoções dentro de uma variante de controle plausível.


Eu sempre soube o que fazer, sempre soube definir o que se passava comigo. Eu era uma variável conhecida por mim mesma. Aos poucos, aprendi a remediar meus males, a controlar meus impulsos, a consolar minhas insatisfações.
Eu era, praticamente, uma constância definida, sabia lidar com isso, e me sentia bem assim.


Mas noite passada, quando fechei meus olhos para tentar dormir, percebi que algo estava mudando. Algo que eu não sabia definir, pela primeira vez em muito tempo; 
Eu estava saindo do meu controle.
Eu me senti como se tivesse 15 anos de novo, se é que alguma vez tive 15 anos.


Era isso... Estava sentindo minha adolescência, meio que tardiamente. Sentia minhas emoções e meu humor variarem, em menos de dez segundos, aquilo que não variavam em um ano e meio.


Romances, breves contos sentimenalistas, músicas, pássaros voando. Tudo aquilo que nunca me afetou, agora tinha um poder impressionante de me nocautear. Pequenas influências, carregadas de significado, eram capazes de me fazer tremer, me encher os olhos de lágrimas. Me faziam ficar sem ar, respirar mais forte. Me faziam ter vertigens, aceleravam meus batimentos. Congelavam minhas mãos, enganavam meus sentidos.


Logo eu, que já nasci com 21 anos de idade, agora me sentia como uma menina de 15. Uma menina que nunca fui, diga-se de passagem.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"Home, home where I wanted to go..."

Hoje, não tinha pressa de chegar. 
As calçadas e ruas ainda estavam úmidas; Ainda caiam as últimas gotas de chuva que se acumulavam sobre as folhas das árvores.


Minutos atrás, tentou, em vão, pedir auxílio para a mãe. Explicou a situação, expôs os motivos, concordou com suas falhas, questionou razões.
Mas ainda não entendia como as pessoas poderiam querer dela o que ela não pode dar, o que ela não pode ser. Não sabia como poderia seguir os desejos da mãe (e da sociedade) sem ferir seus princípios.


Chegou em seu destino, desconfiada de qual seria a solução a ser acatada. Esperava que algo, por mais ínfimo que fosse, a dissuadisse daquela ideia louca, absurda, improvável. Mas logo viu que suas expectativas não seriam sanadas nem naquele dia, ou em dia algum. 


Viu que ali não era seu lugar. Não ali, naquela sala, com aquelas pessoas... Mas sim naquela cidade, naquela sociedade, com aqueles valores, aqueles objetivos.
Tudo era muito limitado para ela.
Princípios, vontades, preferências, estímulos, causas, porquês, escolhas, oportunidades, personalidades. Nada daquilo se aplicava à ela, como se ela não devesse estar ali. 
Viver nessas condições se assemelhava a usar todos os dias um sapato 2 números abaixo do seu. Possível, mas excruciante, incômodo, errado. 
Aos poucos, amassando os ossos, pressionando os músculos, obstruindo veias, prendendo a circulação, e estrangulando ligamentos. Tudo acompanhado de muita dor e formigamento.


Aquele não era seu lar, estaria longe de ser.


Pensou, por momentos, em procurar um novo lar. Quando e como pedir ajuda... Isso se decidiria depois. Mas enquanto cruzava a porta da sala dos provedores, percebeu que por mais que procurasse, eram grandes as chances de não encontrar.


Talvez, os sapatos estejam no número certo. O pé que pode ser grande demais.






"Come out upon my seas
Cursed missed opportunities
Am I a part of the cure? 
Or am I part of the disease? 

Singing....


And nothing else compares....
Home, home where I wanted to go...."




(Música: Clocks - Coldplay.)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

And all my senses seem to be in this song.

Tudo aquilo que estava em volta parecia amplificar o que sentia.

O barulho da água, a brisa leve que balançava os arbustos, as borboletas coloridas, os grilos cantando.
Tudo fazia com que o arrepio perpassasse com mais força em seu corpo, tornando-se de certa forma, incômodo. cada movimento, cada som, cada aroma... tudo era sentido por sua pele.

E, se já não estava confortável com tudo isso, o celular da mãe não ajudou nada. Logo, ele dizia para ela, em uma voz sóbria, sedutora e româtica:




"Pull the trigger, break down in a love affair
When I said I didn't care, you started searching for tomorrow...

Pull the trigger, my girl you're running all alone,
I said I was back home, but I'm far away..."



Então, o volume do riacho aumentou algumas gotas.


(Música: "All My Senses" - Mando Diao; Versão específica: MTV Unplugged.)

Is there nothing there.

Ela voltou naquele balanço novamente.


Era, apesar de qualquer situação, o lugar perfeito para refletir.
Havia a imensidão azul e verde por todos os lados. A imagem bela das folhas logo acima, e o vento batia, levando o aroma das coisas mais ternas que ela conhecia.
Acomodou-se de uma forma incomum, no assento de 50 x 10. Pessoas menos experientes cairiam para os lados. e então, encostou a cabeça na corda, fechando os olhos.

Se viu em um labirinto, que mudava suas paredes constantemente. Não era como o labirito do Fauno, ou o de Dédalo, ou o do torneio tribruxo. Era um que não havia saída. Nem mesmo pelo caminho de entrada. E não havia ninguém ali para ajudar. Nenhum mortal, nenhum Fauno, nenhum comensal disfarçado. 

Estava só, perdida, e desiludida.



Acho que pior que estar nessas condições, é não saber como foi parar ali. Por que eu entrei aqui? Por que eu ainda permaneço aqui?


O que me espera na próxima esquina? Como eu posso me defender?
E quando eu chegar ao centro, o que vai acontecer?





E como sair?


Sem muitas reflexões agora. Estou ocupada, tentando sair do labirinto.




(Escrito ao som de: "Saturday Comes Slow" - Massive Attack; "Carry Us All" e "Listen Up" - Oasis; "Stairway To Heaven" - Led Zeppelin.)

Enquanto eu sorrir, ainda posso esquecer.

Foi só um sorriso e foi por amor
Nenhuma ironia, não foi por mal
Foi quase uma senha pra te tocar
Nem foi um sorriso, foi um sinal
Por trás das palavras, da raiva de tudo
Sorri pra tentar chegar em você
Foi como fugir pra nos proteger
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque...
Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?
Ninguém tem razão, tenta me entender
E a gente é maior que qualquer razão
Foi só um sorriso e foi por amor
Te juro do fundo do coração
Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei
Enquanto eu sorrir, ainda posso esquecer...
Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?
Deixa isso passar, e quando passar
Vou estar aqui te esperando
Pra te receber
E sorrir feliz dessa vez
Que esse amor é tanto
Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?







E depois de tanto tempo, relembrou o que aquela música significava.


E tudo veio à tona novamente.






(Música: "Quem, além de você?" - Leoni)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"Well, of course I do, yeah I clearly do!"


"Well now then Mardy Bum
Oh I'm in trouble again, aren't I
I thought as much
Cause you turned over there
Pulling that silent disappointment face
The one that I can't bear

Can't we laugh and joke around
Remember cuddles in the kitchen
Yeah, to get things off the ground
And it was up, up and away
Oh, but it's right hard to remember
That on a day like today when you're all argumentative
And you've got the face on..."







(Música: Mardy Bum - Arctic Monkeys)
"Não importa."




Apesar de ser meio dia, a rua estava deserta. 
Seu corpo nem doía, não sentia fome, sono ou cansaço. Saltava os obstáculos da calçada, como se seus pés dançassem por vontade própria. Suas pernas não conseguiam fazer o movimento da marcha normal, pareciam querer acompanhar os pés na dança. Seu tronco balançava vivamente, enquanto as mãos escondiam o rosto.


Depois cerrou o punho, e entregou-se de vez. Dançava, rodopiava, tocava sua guitarra imaginária. e sorria, muito. 


Mas e se alguém saísse de casa aquele momento, ou olhasse pela janela e visse... O que pensariam, como seria?






"NÃO IMPORTA."






Naquele dia, a rua 1028 era só dela.






"No stop signs, speedin' limit
Nobody's gonna slow me down
Like a wheel, gonna spin it
Nobody's gonna mess me 'round..."


(Escrito e idealizado ao som de "Highway to Hell" - AC/DC)