sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Faster than the speed of magic.

Rápido como um relâmpago, intenso como um trovão. Devastador como um ciclone, forte como um vendaval. Mas claro e brilhante como a luz do sol nascente.

E foi assim, como um piscar de olhos. Você surgiu, quase caído do céu, e consolidou tudo aquilo que eu moldei, que eu aprendi. Você me mostrou o caminho que eu já havia mapeado, mas não tinha coragem de seguir.
E sem pedir nada, me deu tudo.

Pouco de material tive de você até agora. E, honestamente, é a última coisa que eu espero ter. Afinal de contas, nada palpável poderá representar o todo abstrato que compartilhamos em tão pouco tempo.

Tempo. Ah, esta entidade tão cruel e relativa, incógnita e definitiva...
E eu diria que, ao seu lado, nem todo o tempo do mundo seria suficiente para mim - já que três eras inteiras passariam como um curta-metragem em sua presença.
Presença essa que se faz constante e necessária, quase vital.

 "The day after you stole my heart, everythimg I touch told me it would be better shared with you."

Enquanto alguém diz isso através dos fones de ouvido, minha mente parece voar através dos momentos que dividimos e somamos. Momentos tão sublimes, que poderiam ser etéreos, se não fossem tão materiais.

E neste misto, entre o real e o astral, ficam as memórias que faço questão de guardar.

O gosto do barbecue, o vidro molhado e embaçado; o barulho do chuveiro, o suor escorrendo pelo meu pescoço; O calor das suas mãos sobre minhas costas, a textura da sua pele sob meus dedos;
O seu cheiro misturado ao meu na minha camisa, seus olhos fechados enquanto eu passo a mão pelo seu cabelo; seus suspiros enquanto eu deslizo pelo teu pescoço, seu abraço protetor; seu olhar de apreço, suas piadas infames.

Você abrindo a porta para mim, como quem me introduz a um novo caminho; você reparando minha maquiagem e meu esmalte, como quem zela por cada centímetro meu; você apertando o abraço, como se quisesse que sejamos um só; você me fazendo rir, querendo apenas meu bem estar; você me ouvindo, como quem se importa com o que eu digo.

E acima de tudo, seu sorriso, sua voz... Você.

Você, e todas as sensações que provoca. Desde o mais libidinoso dos arrepios, à mais pura admiração. Desde o vício mais perverso de te ver, ao mais incondicional dos sentimentos.


Você, que surgiu do nada, materializado do ar... Exatamente quando eu mais precisava de oxigênio novo. Você, que veio definir minha vida, marcar duas fases diferentes.

Como você mesmo gosta de dizer, minha vida começa agora.




"Quando você menos esperar, vai cair do céu. Você vai ver."


Para alguém apelidada de "Icequeen", tais palavras pareciam, na melhor das hipóteses, absurdas. "Cair do céu"... Isso merecia minha melhor gargalhada, sempre preenchida de descrença e deboche.
Principalmente se o assunto era pessoas. Pessoas não caem do céu como chuva. Pessoas são conquistadas, cativadas, mantidas, libertadas.

Pessoas não aparecem do nada para mudar sua vida.

Mas para a minha sorte, pessoas mudam de ideia... Inclusive eu.
Felizmente, pude compreender que as coincidências existem. Mas não simplesmente por existir... Sempre há um porquê.


Fly, fly to the stars.


As portas dos outros apartamentos batiam raivosas, descontando os empurrões que as rajadas de vento lhes davam. Tocava alguma música calma no home theater, que se confundia com os sons reconfortantes dos carros passando na rodovia. A casa tinha cheiro de bolo recém-assado, haviam trovões iluminando o céu cinzento.

Mas nenhum dos sentidos gritava tanto quando o tato. Tudo o que acontecia ao redor importava menos que o frio trazido pelo vento forte. Então, abriu mais a janela, subiu na cama, fechou os olhos… E voou.

Por um instante, pensou ter pulado. Esperou o choque contra o chão, os gritos de algum voyeur que estivesse se satisfazendo naquele momento. Esperou o trauma, a escuridão. Aguardou aquele sentimento que se tem quando o ser abandona sua vida, as lágrimas ao redor de seu inerte e modesto corpo. Mas nada disso veio. O chão não chegou, e muito menos o fim. Então se deu conta que seus pés ainda tocavam o colchão, e que o voo, na verdade, era só o vento que passava veloz agitando seus cabelos.

Fazia frio, pela primeira vez em muito tempo. Estranho, frio no verão.

E por alguma razão, havia ali uma lágrima, insistente, ousada. Corria mansa e destemida junto ao nariz, e parecia aquecer o corpo inteiro. Ela era um sinal de descontrole, desequilíbrio.
Havia alguma coisa errada, mas o quê? Talvez tudo estivesse errado, ela sabia.
As lágrimas foram sucessivas, encorajadas por aquela desbravadora, que parecia ter sumido há tanto tempo.
Percebeu que não tinha forças para compreendê-las. Ou melhor, não tinha forças nem para secá-las.
Deixou-se cair no colchão atrás de si, descomposta, exausta.
“Voar cansa”, pensou. “Mas não há melhor maneira de chegar ao topo, quando não se consegue usar as pernas.”