sábado, 26 de julho de 2014

Lose is more than hesitate...

(...)
E então, percebi que eu, de fato, gosto de me machucar.
Sim, há algo aqui dentro que precisa punir-se, que clama por dores, um impulso que tende eternamente à autoflagelação. Existe uma parte minha que não se contenta com a anestesia, que precisa sentir.

E você percebeu isso, não foi?
Seus olhos não conseguiram esconder a surpresa ao notar o que eu realmente sou por dentro. Você me desvendou, removeu a capa de boa moça. Foi além do sorriso acalentador, do olhar compreensivo. Percebeu o que esconde a voz macia, a personalidade equilibrada.
Mas você não sabia o que estava vendo, o que tinha em mãos.
Se você quisesse, poderia ter visto, em minutos, a desordem que eu sou. Teria compreendido porquê eu sempre aviso que sou "difícil de lidar". Teria se surpreendido mais algumas dezenas de vezes.

Acontece que é exatamente este o meu ponto fraco. Me inquieta quando alguém tenta desatar o nó que eu sou. Como se só eu tivesse esse direito, mas admirasse aquele que o quisesse tomar de mim.
Existe uma blindagem forte ao redor das minhas confusões mentais. Mas aquele que é corajoso ou sortudo (ou ambos) o suficiente para vencê-la, me tem nas mãos.
Geralmente, eu sento e observo o que as pessoas fazem para conseguir isso. Aplaudo as manobras, avalio as investidas. Às vezes, facilito; na maior parte do tempo, dificulto.

Mas aí veio você. Chegou simplesmente para passar o tempo. Apareceu como mera distração - e sei que a recíproca era verdadeira. Logo você, cuja porta já estava fechada antes mesmo que eu pudesse fazer alguma coisa.
Mas foi justamente sua porta fechada, seu despreendimento, que te fez materializar-se do lado de dentro da minha blindagem. Sem esforços. Sem tentativas. Você simplesmente estava lá. Eu não vi o que aconteceu, embora saiba que você não o fez de propósito. Ou fez?

Estou confusa, já não sei o que pensar. Não estou apaixonada, envolvida. Estou impressionada.
É uma sensação nova para mim.
Você foi uma pessoa nova para mim, totalmente diferente de tudo o que eu já vivi.
Na verdade, eu ainda não sei o que é você. E isso só aumenta minha inquietação. Você está ali, comigo em suas mãos, e não sabe. Enquanto eu não faço ideia do que você é.
Você tem alguma noção do que isso significa para uma menina mimada, controladora e reclusa dentro de si? Você sabe o que é querer (e sempre ter) tudo, estar acostumado a controlar aquilo que está ao redor, e de repente, se ver nas mãos de alguém que não tinha a menor pretensão que isso acontecesse?
Sabe como eu me sinto?

Excitada. Curiosa. Intrigada.
Eu quero mais.

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