terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Nantes.

"Well it's been a long time, long time now

Since I've seen you smile..."

 

Parece realmente uma eternidade, desde que eu a vi sorrir.
Qual foi seu último sorriso sincero? Nem me recordo a razão dele...

Quanto durou, quem mais riu, alguém viu? 


São detalhes que não tem importância quase alguma. Na verdade, a única utilidade, seria a capacidade de fazer sorrir novamente.



Que saudade daquele sorriso... 


Sinto imensa falta do perfume que o sorriso exalava. Sim, este sorriso exalava um perfume, brilhava como uma supernova, falava mais do que mil palavras. Eu podia sentir aquele sorriso.


Ele tinha gosto de felicidade.


Que saudades daquela felicidade...




"And I'll gamble away my fright                               
And I'll gamble away my time..."




(Realmente, "gamble away my fright" não parece uma má ideia.)



Perder o medo, não é lá tão ruim, desde que o indivíduo não se torne corajoso demais e corra riscos desnecessários. Mas perder todo o tempo....


Por que perder o tempo? Para quê esperar pelo sorriso? Por que não agir?


Mas como agir para obter aquele sorriso de volta? Como obter aquela felicidade, e aquela paz novamente?

 Vale lembrar que o sorriso tem que ser sincero, verdadeiro.




Novamente, os problemas com medos, pensamentos, tempo e ações.




"And in a year, a year or so
This will slip into the sea
Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile..."



E me pergunto: Será que é preciso um ano para que tudo deslize para o mar? As gotas de água, as indiferenças, as diferenças, egoismos, orgulhos, mágoas e raivas... Será que isso tudo não pode correr mais rápido, no rio que leva tudo a um fim de oceano sem fim?



Quanto tempo vai ser necessário para que tudo volte ao normal, e eu possa ver aquele sorriso denovo?


Como levar o barco até lá, sem remos, sem motor, e ainda com a canoa furada?


(Sem saber nadar...)

(Rio de águas turbulentas...)




Haverá talento e criatividade para tentar não afundar, até que a paz e a felicidade retornem (trazidas pelo sorriso)?







"Nobody raise your voices
Just another night in Nantes..."





Espero ter a sabedoria para não levantar a voz... a calma e a paciência de esperar "apenas mais uma noite em Nantes"...


E principalmente, a esperança de ver aquele sorriso novamente, em breve.










(Música:  Nantes - Beirut; Figura: The Bridge At Nantes, de Jean-Baptiste-Camille Corot)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"Lágrimas e Chuva"


"Eu perco o sono e choro
Sei que quase desespero
Mas não sei por quê..."

Como saber o porque das coisas? aliás, porque as coisas acontecem (ou deixam de acontecer)?

Quando algo te esvazia, e todas as razões somem... Porque acontece?

Como acontece?

"A noite é muito longa,
Eu sou capaz de certas coisas
Que eu não quis fazer.
Será que alguma coisa,
Nisso tudo, faz sentido?
A vida é sempre um risco,
Eu tenho medo do perigo..."

Como saber o sentido que as coisas tem? Se o mais belo da vida é o mistério que a cerca, porque descobrir?

Mas algumas vezes é difícil aceitar o que acontece... Principalmente quando não entendemos a razão daquilo tudo.

Não nos parece certo, justo, sensato.

A maioria das coisas que acontecem é puramente o fruto daquilo que fazemos, dizemos, pensamos e queremos.

Mas porque fazemos tantas coisas erradas? Porque não conseguimos evitar?


"Lágrimas e chuva
Molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê...
O mundo é muito injusto,
Eu dou plantão nos meus problemas
Que eu quero esquecer..."


Leoni tem razão. O mundo é muito injusto, e nos faz ver aquilo que nos dá medo.

Será que existe alguma saída para esse medo?


Medo, o medo. O grande problema que impede as pessoas de evoluirem. Incluindo eu.


"Será que existe alguém
Ou algum motivo importante,
Que justifique a vida
Ou pelo menos este instante?"


E quando o motivo importante some? O que acontece quando os dias ficam vagos, inexpressivos?

E quando o tempo fica vazio, a mente cheia de ar, os objetivos simplesmente se apagam, com uma borracha gigante e invisível das páginas que preenchem o livro que conta sua história?



"Eu vou contando as horas
E fico ouvindo passos
Quem sabe o fim da história
De mil e uma noites
De suspense no meu quarto..."

Eu tenho uma amiga, que diz que se nada se resolveu ainda, é porque não chegou ao fim da história.

E quando não se pode agir para ver as coisas resolvidas?

O fim da história... Quando será o fim da história? Será que vai demorar muito para que eu me sinta bem, para que eu veja as coisas se resolverem?


Mas e quando se tem medo do fim da história?

Denovo o medo.

Quando alguém descobrir uma saída para o medo, por favor, avise.




"Eu vou contando as horas, e fico ouvindo passos...
quem sabe o fim da história,
quem sabe o fim...."


(Música: Lágrimas e Chuva - Leoni; - Ótima para se ouvir em um dia frio e nublado. Evite, se estiver com impulsos suicidas.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Flor e o Bilhete


Um caminho difícil, estreito, de destino desconhecido.
Pedregoso, instável, tortuoso, cansativo.

É difícil pisar nas pedras, se machucar, sentir dor. Mais difícil ainda quando nada parece ter resultado.

Tudo o que já foi percorrido parece tão pequeno, tão inexpressivo...

Pode ser um micromovimento, mas é algum. E é seu.



Mas é tão bom quando alguém deixa, no caminho, uma flor com um bilhete, dizendo:


"Cada pedra até aqui valeu a pena, e as que virão, valerão este momento.

Parabéns, você acabou de vencer um quilômetro."


Por mais insignificante que pareça, rolam lágrimas, fluem sorrisos, gritos e gargalhadas são contidos.



Para Sócrates, "uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida."

Ele tinha razão.



E finalmente, talvez antes do que esperava, mas bem depois do que precisava,
Quem flutuou o caminho todo, caiu no chão.
Quem pisou nas pedras, ganhou um sapato,


E uma flor.


domingo, 13 de dezembro de 2009





Dizem que as mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam perto do chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados. Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar... aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.


Mas o que acontece se nenhum homem corajoso o suficiente passar pela macieira?
Um dia, a maçã se cansa de esperar, apodrece, e cai ao chão.

Ninguém quer maçã podre.


Enquanto isso, pobre da maçã, sofre, se entristece, se cansa, se desgosta.
Isso quando a maçã não resolve ir à luta. Se isso acontece, pior ainda.
Infeliz maçã, se machuca, se fere, se perfura, se enche de escoriações, tentando em vão buscar algo que ela sabe que não vai conseguir.


Mas o que mais admira na maçã, é que ela não desistirá de esperar, mesmo em seu estágio terminal, aonde ela está sendo consumida pelos microorganismos do chão.

Mesmo em decomposição, a maçã nunca desiste. Mesmo sabendo de seu triste e obscuro fim.