segunda-feira, 19 de maio de 2014

Don't let 'em in your head...

"Mãe, por que as pessoas prometem as coisas e depois não fazem?"

Essa foi a pergunta que eu fiz, no auge da revolta com meu pai, aos 7 anos. Eu estava cansada (sim, aos 7 anos) de lidar com a incoerência do ser humano.

Em algum lugar - provavelmente onde minha inocência se perdeu - as pessoas simplesmente pararam de agir como pessoas. Ninguém me chamava mais para brincar só por diversão. Eu só ganhava balas toffe em véspera de prova. Só sorriam para mim quando tinha trabalho em grupo. Só me chamavam para trocar figurinhas que faltavam no álbum.
Hoje, alguns anos mais velha, continua o mesmo, porém ninguém tem a hombridade de assumir, diferente de quando eu era criança.

Tudo bem, é da natureza humana tentar fazer o necessário para sobreviver. Mas será que é só para isso que eu sirvo? Para fazer favores?
Será que é demais pedir um contato, mínimo que seja, pura e simplesmente pelo que eu sou? Um afeto incondicional, uma conexão pura?

Tantas promessas quebradas... Mentiras... Ilusões... Jogos emocionais...
Estou cansada e descrente, só isso. Quero poder voltar a brincar de salva-bandeira sem me preocupar com o pedido chantagista que virá depois.





domingo, 18 de maio de 2014

Most of what you see, my dear is worth letting go...


"Everyone is seems has somewhere to go
And the faster the world spins, the shorter the lights will glow
And I'm swimming in the night, chasing down the moon
The deeper in the water, the more I long for you

Most of what you see, my dear, is purely for show
Because not everything that goes around
Comes back around, you know?
Holding on too long is just a fear of letting go
Because not everything that goes around
Comes back around, you know?

One thing that is clear: it's all downhill from here...

The loveline in your hand, cleverly disguised
All the promises of stone, crumble in the light...

Most of what you see, my dear is worth letting go...
Because not everything that goes around
Comes back around, you know?
Holding on too long is just a fear of what to show
Because not everything that goes around
Comes back around, you know?

One thing is clear: it's all downhill from here..."




Acho que dispensa explicações.



Música: Like Clockwork, por Queens of the Stone Age
Album: ... Like Clockwork (2013)

Does anyone ever get this right?

Hoje, eu olho ao redor, e tudo o que eu vejo é dor condensada.

Está nos olhos das pessoas, no ar que eu respiro, nas vozes vazias, nas palavras não ditas.

Não neguem: tudo é dor. Os carros conduzidos por pessoas egoístas, o stress de uma fila de banco, o olhar vago dos passageiros nos ônibus. As fotos apelativas nas redes sociais, o comportamento estereotipado e, muitas vezes, sem nexo algum.
Tudo é dor. Aquela dor antiga, crônica. A dor da falta ou do excesso de algo. Da perda - ou muitas vezes, da presença de alguém. A dor que guardamos lá no fundo, escondendo até de nós mesmos. Ou até a dor que queremos mostrar, mas todos fecham os olhos, desligam os ouvidos, e trancam os corações para não verem. A dor que negamos existir, que volta e se manifesta de outras formas - socialmente aceitáveis.

Cada um tem a sua dor. Não importa o que causou ou o que a alimenta. O que importa é que, na ânsia de vivermos, nos forçamos a ser felizes a qualquer preço. Bens materiais, uma mesa cheia de amigos, casamentos e filhos, ibobe em mídias sociais, álcool, música - tudo isso são caminhos que as pessoas percorrem atrás da tão sonhada felicidade. Não dá para condená-los. Nem mesmo aqueles que buscam felicidade na dor alheia. A dor nos faz chegar ao desespero, e é aí que tentamos de tudo o que sabemos - e até o que desconhecemos - para nos livrar dela.

E, esta ingrata, por mais que realizemos nossos objetivos, permanece ali. Às vezes latente, em stand by. E aí pensamos: "finalmente, sou feliz". Mas alguns poucos ainda sabem que ela está só esperando, sentem que algo está errado...
Eis que, quando estamos no topo da montanha-russa, no auge, ela resolve reaparecer, lembrando-nos que somos falhos e incompletos. Lembrando-nos de nossos fantasmas, nossos medos.

Não há como negar. Nem o mais feliz dos seres se livrou do pontinho escuro que reside ali no âmago da alma. E, infelizmente, jamais se livrará.