domingo, 18 de maio de 2014

Does anyone ever get this right?

Hoje, eu olho ao redor, e tudo o que eu vejo é dor condensada.

Está nos olhos das pessoas, no ar que eu respiro, nas vozes vazias, nas palavras não ditas.

Não neguem: tudo é dor. Os carros conduzidos por pessoas egoístas, o stress de uma fila de banco, o olhar vago dos passageiros nos ônibus. As fotos apelativas nas redes sociais, o comportamento estereotipado e, muitas vezes, sem nexo algum.
Tudo é dor. Aquela dor antiga, crônica. A dor da falta ou do excesso de algo. Da perda - ou muitas vezes, da presença de alguém. A dor que guardamos lá no fundo, escondendo até de nós mesmos. Ou até a dor que queremos mostrar, mas todos fecham os olhos, desligam os ouvidos, e trancam os corações para não verem. A dor que negamos existir, que volta e se manifesta de outras formas - socialmente aceitáveis.

Cada um tem a sua dor. Não importa o que causou ou o que a alimenta. O que importa é que, na ânsia de vivermos, nos forçamos a ser felizes a qualquer preço. Bens materiais, uma mesa cheia de amigos, casamentos e filhos, ibobe em mídias sociais, álcool, música - tudo isso são caminhos que as pessoas percorrem atrás da tão sonhada felicidade. Não dá para condená-los. Nem mesmo aqueles que buscam felicidade na dor alheia. A dor nos faz chegar ao desespero, e é aí que tentamos de tudo o que sabemos - e até o que desconhecemos - para nos livrar dela.

E, esta ingrata, por mais que realizemos nossos objetivos, permanece ali. Às vezes latente, em stand by. E aí pensamos: "finalmente, sou feliz". Mas alguns poucos ainda sabem que ela está só esperando, sentem que algo está errado...
Eis que, quando estamos no topo da montanha-russa, no auge, ela resolve reaparecer, lembrando-nos que somos falhos e incompletos. Lembrando-nos de nossos fantasmas, nossos medos.

Não há como negar. Nem o mais feliz dos seres se livrou do pontinho escuro que reside ali no âmago da alma. E, infelizmente, jamais se livrará.

Nenhum comentário:

Postar um comentário