sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

What light?

Houve um tempo, aonde dentro de mim existia uma pessoa controlada. Eu sabia, com precisão, tudo o que acontecia comigo (e o porquê). Todos os horários, pensamentos, reações. Meu corpo era uma máquina com propriedades incríveis de autorreparo - incluindo o gerenciador de todas as atividades: o cérebro. Porém, ao passar dos meses, os problemas surgiram. Em uma sociedade tomada por rivotril e valium, não faz sentido existir alguém com habilidade intrapessoal. 
"Você precisa ser menos racional, eles disseram. Menos isso, mais aquilo... Nada estava nos conformes, jamais. Eu sempre estava inadequada.

Eis que, aquele meu grande sonho de criança, parecia possível; isto é, caso eu seguisse as sugestões que ouvia. E eram tantas, e tão variadas... É difícil não se confundir com as diversas teorias e opiniões.
E naquela ânsia por me tornar parte de tudo, eu me perdi. E me tornei parte de um nada. 
Me tornei um nada.

Perdi todo o controle de tudo, e nunca mais retomei. E eu não sei viver sem ter o controle. Assim, de uma hora para a outra, o caos exterior (que tanto me acalmava) tornou-se interno, indissociável. Eu me tornei uma tempestade de verão - repentina, imprevisível, e devastadora.
Então, eu atingi um estágio crítico, aonde eu não fui capaz de controlar sequer minhas palavras. Qualquer pluma pesava como um planeta em meus ombros, como se a pressão atmosférica fosse o suficiente para espremer até a última gota da minha sanidade.
E foi assim, tentando ser uma pessoa normal, que eu arruinei a minha vida.

Eis que eu decidi reaver o controle sobre mim mesma. Um ano de árdua caminhada, pontuada por tombos frequentes. Um ano de privações e concessões - contando apenas comigo mesma. E, quando tudo finalmente parecia ter se encaminhado...



"What light could you have discovered,
So bright no one else could see?
This time, there will be no buffers
No right standing over me...
(you say there's a light)
Somebody has to come by
(you say there's a light)
To keep you always on time
(you say there's a light but i cannot see it)
And make you pay for your oversights
Oh my, oh my..."

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