domingo, 19 de janeiro de 2014

How did it come to this?

Duas da manhã, todas as luzes do prédio vizinho estão apagadas. Nos meus ouvidos, guitarras, baixo e bateria. O cheiro dos lençóis me invade, me fazendo pensar como devem ser macios os seus. Me fazendo desejar estar entre eles e você. Há uma foto sua aqui, e ela me atrai com uma frequência maior do que eu gostaria de admitir. Você me atrai de uma forma que eu não gostaria de admitir.

Dizem que eu tenho uma intuição forte, e um raciocínio melhor ainda. De fato, quando meus alarmes disparam, é melhor correr. Algo disparou - mas foram alarmes diferentes.
Não foi difícil vencer minhas barreiras e driblar minhas defesas, certo? Mantive a guarda baixa, como um animal ferido, rendido. E em pouco tempo, me recuperei - mas você já tinha implantado seus vírus no meu sistema imunológico. O jogo estava ganho, e quase nenhum esforço foi feito da sua parte.
Você se divertiu, não foi? Poucos dias, e brincando, já desnudou minha alma. Tão cedo, você descobriu muitas das minhas fraquezas, explorou-as. E eu permiti.

E gostei.

Me deixei levar pelo carisma malicioso, pelo sorriso de soslaio. Joguei fora meus escudos, e deixei você me invadir... Afinal, nada tinha a perder. Uma estratégia covarde, alguns diriam; se aproximar do inimigo em um momento de fraqueza, para dá-lo o golpe de misericórdia. Mas não somos inimigos, somos? E, convenhamos, este xeque-mate está sendo muito prazeroso para o meu rei derrotado. Quase como morrer em uma montanha russa.

Ah, como foram doces as palavras que ouvi enquanto era fatalmente golpeada. Convenientemente ditas, quase colocadas em locais escolhidos a dedo, em momentos propícios. Carregadas de signos, desprovidas de pudor. Violentamente escancaradas, para me jogar aonde você queria. Sinceras ou não, pouco importa. O que convém é que você conseguiu o que queria: me domou e me derrubou a seus pés, ansiosa para servir a teus propósitos. Pronta para representar o papel que me designar, ou mostrar-me no mais visceral dos realismos.
 Mas até lá, vamos continuar jogando este jogo de cartas marcadas, com um fim inesperadamente previsível. Simplesmente pelo prazer de jogar.


Porém, mr. Writer, não se esqueça... Sei o suficiente sobre você para fazer ainda pior do que fizeste. Entregastes tua estratégia de defesa para mim.
Aguarde... Quando estiver em minhas plenas faculdades, será ainda mais doce jogar contigo.
E te garanto que neste jogo, todos ganham.

4 comentários:

  1. Que texto... Direto, objetivo e forte. Parabéns. Me tira uma dúvida o mr. Writer, você fala com você mesma? Interessante...

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  2. Olá, Rodrigo, seja bem vindo!
    Obrigada! É uma surpresa pra mim saber que há pessoas que leem meus textos, ninguém vem aqui. Fico contente com teu comentário.

    Na verdade, o Mr. Writer é uma pessoa real, este texto foi feito para ele. Mas às vezes eu converso comigo sim, só não ficam bons os textos neste caso, haha...
    Volte sempre, espero que goste dos outros posts também :)

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  3. Eu suspeitei que era alguém. Me identifiquei mas no caso sera um Mrs. Writer. Sim eu vou continuar lendo. Gostei da forma como você se expressa. Eu estava afastado um tempo de bloggers, até por falta de tempo também. Mas pretendo retomar as leituras por ai =)

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