terça-feira, 7 de junho de 2011

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Tá, eu sei. Não precisa falar pela 56ª vez.
Eu sei disso tudo.

O caminho é longo, árduo. Os números são muitos, os cálculos complicados. o risco é grande, o medo é maior ainda.
E tem a morte. Sempre presente, todos os dias até.


Mas vocês não entendem? É isso que eu quero. Quero virar em um plantão de 24 por 48 horas. quero enxugar o suor da testa depois de tantas manobras. Quero sentir meus braços fadigando. quero me atualizar em cursos a cada 6 meses. Quero reclamar do meu salário, sempre buscando mais. Quero ter que explicar para o paciente, quero ter que encarar a família.
Quero consolar a perda, quero enxugar as lágrimas, quero ouvir o lamento final dos acamados terminais.
Quero chegar em casa com dores, cansada, estressada talvez. Quero não ter tempo. Quero viver de jaleco e luvas esterilizadas.
Quero ouvir os BIPs dos monitores cardíacos o dia todo.

Quero salvar muitas vidas em um dia, quero salvar uma vida muitas vezes.


Sabe quando um simples aumento da PaO2 faz seus olhos se encherem de água?
Sabe quando uma SatO2 sobe de 71% para 90% e te faz suspirar aliviado?

Não?

Não, vocês não entendem. Ninguém nunca vai entender. Mas por favor, já que vocês não vão conseguir compreender, só aceitem. Não contestem.

Você já amou alguma vez?

Você já descobriu o sentido da vida?
Eu já. Eu descobri o sentido da minha. E isso devia bastar. Para todos.





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