quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Again, and again, and again.

Rotina.
Algo que te sufoca, te exige. Algo que determina boa parte das suas ações, das suas opiniões, da sua personalidade. O impressionante, é que sem ela, você se vê em uma situação aberta, perdida. 
Liberdade em demasia sempre se mostra, na verdade, como amarras da alma.

Durante o tempo "livre", minhas ações parecem vazias, infundadas, sem porque. Meus planos parecem impossíveis; minhas habilidades inúteis, meus sonhos, distantes. Eu não vivo, apenas existo.

E é assim que se fecha mais um dos meus ciclos. Quando eu finalmente encontro a direção correta, quando a luz do amanhecer se espalha no céu, a neblina fica cada vez mais densa, me impedindo de ver o que está adiante - e até mesmo o que já se passou. 

Mas depois de caminhar perdida por algum tempo, o sol se levanta em direção ao oeste, e a neblina desaparece. O mundo parece mais vivo, brilhando na claridade do dia. Tudo é possível e absolutamente belo, de uma maneira indescritível. Minha vida é mais agitada, e faz sentido. Todas as minhas ações e conclusões resplandecem como um lago reluzindo o céu.

E cai a tarde. As nuvens tomam conta do azul, dando sobriedade aos meus dias. Talvez o tempo se torne nublado, talvez não... Mas sempre, durante as tardes, sigo o hábito de pensar no amanhã. Eu imagino o que será do meu dia, depois que a lua se for, oprimida pela imponência do astro-rei. Mas também imagino como serão os próximos minutos, assim como imagino os próximos anos.

Então, o sol começa a se por, revelando a mais bela hora do dia. É no poente em que eu percebo como foi produtivo o dia, como eu cresci, o quanto eu aprendi. Olhando aquela pintura cheia de diferentes tons e cores, é mais fácil sorrir. Pois no final das contas, eu sobrevivi mais uma vez, pude ver novamente o céu se escurecer - mesmo que o dia não tenha acabado ainda.
Nessa hora do dia, eu me sinto realizada. É como eu sempre dizia a um amigo: "meu dia foi cansativo, mas produtivo." Assim, vendo o que fiz, e o que ainda está por vir, eu sinto algo muito próximo da felicidade plena.

Finalmente o sol se põe, e chega a hora de descansar. A escuridão toma conta de tudo, e as estrelas aparecem, uma a uma. E é em meio ao nada, apenas com as estrelas para iluminar, que aparecem os medos e as incertezas. Na solidão fria da noite, aonde ninguém pode me ver, eu percebo cada fio que deixei solto, cada buraco que não consegui tampar. Neste momento, as 20 horas que eu vivi, parecem ter sido completamente em vão. A felicidade do poente parece muito distante, e ainda faltam mais 9 horas para o céu se tornar claro novamente.

Passa-se da meia noite, e a madrugada se deita sobre mim, e me envolve, como um cobertor grudento. E enquanto a cidade dorme, perdida nas imagens de seu subconsciente, minha mente funciona cada vez mais depressa. Eu busco incessantemente por uma nova maneira de levar a vida, com medo de perder o motivo que tenho para acordar no outro dia.
E no meio da tempestade cerebral, surge um lapso de sanidade - e tudo parece fazer sentido novamente. E com a serenidade da brisa das 2 da manhã, e a sabedoria de quem já viveu um dia inteiro (e sobreviveu), me deito na cama, fecho os olhos, e adormeço, torcendo para me lembrar daquele motivo especial que eu uso para me levantar todos os dias.

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